Recomeço
A situação era delicada. Para o Santos e para mim.
O time tinha caído para oitavo na tabela do Paulistão, talvez ficasse de fora das finais naquele ano, dois jogos sem ganhar.
Do meu lado, eu já tinha saído e voltado pra base duas vezes. Umas dúvidas começaram a me tirar o sono.
E aí? Desistir do futebol? Voltar a estudar? Voltar pro Pará? Fazer o quê?
Nessa época, eu ainda ficava pensando: “Caramba, mano, por que o Márcio não me coloca?”. O Márcio Fernandes tinha sido meu técnico na base e agora tava no profissional. Ele me conhecia, sabia do meu talento, mas nada de me escalar.
O bom é que nem deu tempo de pensar muito mais. Como eu disse, a coisa era delicada no Santos. O Márcio caiu depois de uns dois meses. Serginho Chulapa ficou de interino. E eu fui escalado… Pro banco.
Faltavam 25 ou 30 minutos do segundo tempo contra o Guarani. O jogo tava 2 a 1 pra gente, mas perigoso. O Serginho vira pra trás e fala, com aquele jeitão dele: “Vem cá, moleque! Entra lá, hein! Agora é à vera, hein, moleque!”.
E quando é que não tinha sido à vera?
Tudo na minha vida foi à vera desde quando eu entrei no avião que me levou de Ananindeua pra São Paulo, para o meu teste no CT do Santos: 14 de agosto de 2005. Tinha 15 anos.
A partir dali, eu sonhava acordado com o dia em que ia ser profissional.
Sim, era à vera, Chulapa. Por isso, eu peguei a bola na ponta direita, entrando na grande área, vi o goleiro do Guarani adiantado e chutei com a canhota. Entrou lá no alto, no ângulo esquerdo.
O Luiz Carlos Junior, narrador do SporTV, foi à loucura:
Gooool de talento, de categoria! Golaaaaaaaaaaço de... Paulo Henrique Lima!! Kkkkkk! =P
Na saída do campo, já disse que podiam me chamar de Ganso, apelido que o seu Otávio, funcionário da base, tinha me colocado.
Os jornais começaram a falar que meu gol fez o santista lembrar do Giovanni. E isso foi engraçado, porque foi o próprio Giovanni que ajudou a conseguir meu teste no Santos.
Depois daquele jogo contra o Guarani, pensei: Agora vai, né? Que nada. Espera mais um pouco. O Vagner Mancini assumiu o comando e eu fiquei lá no terceiro time, treinando como lateral-esquerdo.
Um dia veio a chance. Com Lúcio Flávio e todos os outros meias machucados, eu fui convocado. Jogo à noite, tô saindo pra comer um lanche à tarde, e o Mancini me encontra no corredor.
“Tá preparado, mano? Se não tiver, se prepara. Você vai jogar hoje contra o Santo André”. Joguei. O time ganhou de 3 a 0. Eu não saí mais.
Ali me tornei importante para o Santos Futebol Clube. Ali virei Paulo Henrique Ganso.
Um ano depois, mais um jogo contra o Santo André. Só que agora era a final.
Faltavam uns minutos pra acabar a partida, a gente perdendo por 3 a 2, sendo campeão porque tínhamos a vantagem do primeiro jogo.
Depois de três expulsões, a gente tava com oito jogadores em campo, eles com dez. Neymar, que marcou os dois gols, e Robinho já tinham saído. Eu vejo a placa de substituição subindo na lateral.
Tava apontando “17”. Meu número!
Rapaz… Kkkkkk.
Todo mundo até hoje me pergunta disso.
Eu tenho que cuidar da bola como se fosse a minha vida.
- Paulo Henrique Ganso
Lá do campo eu disse pro Dorival que não, que ia ficar, que não ia ser substituído. Se eu saísse, quem ia segurar a bola? O André tinha acabado de entrar no jogo, tadinho, mas a característica dele não era segurar a bola. Então ele saiu e eu fiquei.
Foi algo inesperado até pra mim, não tinha planejado. Gosto muito do Dorival, cara super do bem, mas eu pensei no time. Não podia sair. Sabia da minha importância e era eu que tava segurando a bola.
Quer dizer, como é que eu ia deixar alguém tomar a bola? Vim lá de Ananindeua, no Pará, e ia chegar lá pra perder a bola? Tá maluco?
E, na verdade, eu não deixo o outro enxergar a bola. Nem posso. Não dá pra facilitar a vida do adversário. Eu tenho que fazer o meu jogo.
Meu jogo: controle e domínio.
Controlar e dominar a bola é meio caminho andado. Se você domina bem, já pensa na próxima jogada. Se domina mal, tem de se esforçar dez vezes mais pro cara não te tomar a bola.
Controle e domínio são os fundamentos básicos para quem joga no meio-campo.
Eu tenho que cuidar da bola como se fosse a minha vida. Sempre foi assim e, naquele dia, não seria diferente.
Agora, imagina se aquela bola na trave do Santo André entra? Pelo amor de Deus! Mas era pra ser. Era o nosso momento.
Putz… Difícil até de dizer, mas sempre vou lembrar de uma frase do Dorival Júnior.
Ele reuniu todo mundo e falou assim: “Guardem esse momento aqui e aproveitem cada segundo que vocês vão viver agora nessa temporada, porque isso aqui vai deixar saudades”.
Só que ele disse isso antes de qualquer coisa acontecer, antes de começar jogo, antes de começar competição. Era pré-temporada. E quer saber? Ele tinha razão. Parece que já previa. Aquele Santos deixou muita saudade na gente e em todo mundo que admira futebol.
Era um time que se entendia no posicionamento, no pensamento rápido, e se divertia jogando, porque jogava com alegria.
É isso, cara… ALEGRIA!
Quem não gostava de ver aquela molecada?
A gente viveu aquele ano intensamente. Eu acho que, assim, naquela época era mais fácil até, porque não tinha tanta rede social. Só Orkut. A gente não se preocupava muito com o que tava vivendo fora. Tinha menos peso.
Ao mesmo tempo, a gente tinha o Durval, o Dracena, o Léo, depois chegou o Elano… Eram caras experientes, que já tinham sido campeões de tudo, e ajudaram a segurar bastante pancada dentro e fora de campo.
E, como ninguém é bobo, também davam umas pancadinhas na hora que o bicho pegava, né? Hahaha.
2010 foi espetacular: campeão Paulista, Copa do Brasil, primeira convocação pra seleção... Teria sido perfeito, mas aí eu me machuquei.
Foi num jogo contra o Grêmio, pelo Brasileiro. Eu tava entrando na área, Zé Love vinha correndo do lado. Ele até sofreu um pênalti na jogada, mas eu nem vi.
Já estava no chão.
Na imagem dá pra ver nitidamente: a perna esquerda abriu demais numa passada e, na hora que eu pisei no chão, senti que era sério. Lembrei na hora de uma lesão que tinha tido na base, em 2007.
Esse é um momento em que várias coisas acabam passando na cabeça.
Cirurgia? Fisioterapia?
Como vai ser a recuperação?
Pô, será que realmente vou voltar a jogar daquela maneira como eu vinha jogando todos esses meses?
Não gosto nem de pensar nisso, mas tem que ter a cabeça muito boa e saber que a recuperação vem aos poucos e que, para recuperar, você precisa se sentir importante, importante dentro de campo. Isso é fundamental pra mim.
Eu voltei no meio da Libertadores de 2011, num jogo no Chile, contra o Colo-Colo. Mais uma vez, momento difícil. Apesar do golaço que o Elano marcou quase do meio-campo, a gente precisava ganhar e acabou perdendo.
Aí começaram as conversas de sempre.
“Porra, não era esse time aí que era o badalado? Não vai nem classificar na primeira fase.”
“Esse time de moleques não vai aguentar Libertadores, não.”
“Muito tranco, eles são franzinos, mano, esse negócio de jogar bonito não vai dar certo.”
Claro. Pra gente isso era só mais motivação. Ah é? Então vamos jogar mais bonito ainda.
Você precisa se sentir importante dentro de campo. Isso é fundamental pra mim.
- Paulo Henrique Ganso
Na partida de volta contra o Colo-Colo, estávamos ganhando de 3 a 0. Neymar marcou o terceiro, um p#$@ golaço, foi comemorar e colocou uma máscara. Uma máscara da própria cara dele!
E… Foi expulso! Kkkkk! ¯\_(ツ)_/¯
Logo depois, Elano e Zé Love também tomaram vermelho. O Colo-Colo marcou dois. E falei comigo mesmo: Tenho que ajudar, tenho que me virar aqui, porque nosso time precisa muito de mim. Ganhamos.
Depois veio um jogo no Paraguai, o time todo desfalcado, e vencemos de novo. O negócio virou ali. Não perdemos mais nenhuma partida.
Um pouquinho antes da final contra o Peñarol, antes de sair a preleção e tudo, a gente ficou no quarto eu, Elano e o Ney.
Eu e o Ney estávamos assim: “Pô, caramba, será que a gente vai ser campeão? Como é que vai ser?”.
Aí o Elano foi passando tranquilidade. “A gente vai ser campeão, calma que a gente vai ser campeão, mas tem que jogar o futebol de vocês também, sem pressão, joga tranquilo e vambora.”
Isso era o Santos! A gente ia jogar uma final de Libertadores pensando em se divertir. Vamos dar caneta, vamos dar chapéu, vamos fazer gol. Nunca abandonamos nossa essência. Nunca deixamos de jogar o nosso futebol.
Mas a gente também sabia que, pra marcar o nome na história, só o jogo bonito não bastava. A gente precisava ser campeão. O clube precisava conquistar um título daquele tamanho outra vez.
Se por um lado a marca do nosso time era a irreverência, por outro, caras como Elano, Léo, Dracena e Durval nos mostraram a importância de levantar uma taça.
Deu tudo certo. Jogamos como Santos. E fomos campeões.
Como passa rápido, né? Já faz mais de dez anos que ganhamos esse título. Desde então, tanta coisa mudou…
Quando eu era moleque, jogando no futsal da Tuna Luso, lá do Pará, minha mãe vivia do meu lado, dando força.
Na verdade, ela sempre esteve do meu lado, literalmente. Quando eu fui pra Santos, ela disse para o meu pai segurar as pontas e foi pra ficar mais de um mês comigo durante os testes.
Enfim, lá na Tuna a gente não tinha patrocínio, quem bancava o clube eram os próprios pais. Então, um dia a gente resolveu vender churrasquinho pra conseguir comprar bola, material. E quem tava lá na churrasqueira? Minha mãe. Ela e os pais de outros colegas de time assumiram o barulho.
Eles vendiam cada churrasquinho a 50 centavos. Uma vez a gente precisava juntar dinheiro pra poder viajar com o time para Recife. Minha mãe passou a noite inteira na churrasqueira. Só parou quando conseguiu arrecadar a quantia necessária pra pagar a viagem.
O resultado não foi lá muito favorável, mas ela não deixou de me apoiar. Tomamos de 8 a 3 do Sport. Até chegaram a passar umas imagens disso na TV.
Que diferença… Quer dizer, que diferença pro dia que eu cheguei no São Paulo.
Acho que tinham umas 30.000 pessoas ali no Morumbi.
A apresentação foi uma hora antes de um jogo em que eu nem ia jogar e a torcida tava lá só pra me ver dar tchauzinho. Cara, foi um momento especial da minha carreira.
Eu tava um pouco tenso até aquele dia. Quando tomei a decisão de sair do Santos, demorou muito ainda pra acontecer. Acho que foram uns 30 dias até a madrugada que me chamaram pra assinar a rescisão na Vila Belmiro.
Eu tive até que entrar por outra porta, porque tinha muita, muita imprensa. Mas o que eu lembro é de ficar andando na Vila, vendo a Vila, aquele gol atrás do vestiário…
Lembrando de tudo, do dia em que cheguei lá pela primeira vez.
Foi uma linda história, ninguém pode apagar. Mas, naquela época, eu tava precisando me recuperar física e mentalmente. O São Paulo era o desafio perfeito para isso.
Quando eu cheguei, a gente já foi campeão da Sul-Americana.
Lembro também do Rogério Ceni falando na TV. Fico emocionado só de recordar isso.
Ele disse que eu parecia o Federer jogando, que a intimidade com a bola era muito grande.
O Federer, cara!!!
Aí passa mais um tempo e o Kaká vem pro time. Ele tem a estrela, um carisma assim que, cara, não existe. Você se sente bem só de encontrar com ele. Sou muito fã.
Lembro do primeiro treino.
Eu só queria tocar a bola nele.
Pegar e tocar nele. Tava jogando com meu ídolo, pô…
“Vou tocar a bola nele pra ele devolver em mim.”
Era só isso que eu pensava. Kkkkkk. Depois você se acostuma.
Aí também tinha o Luís Fabiano, o Pato, o Alan Kardec… Enfim, timaço.
Em 2016, o time já não tinha esses caras, mas ainda era muito forte. Infelizmente, a gente bateu na trave na Libertadores. Eu machuquei num jogo contra o Fluminense, pelo Brasileiro, e não joguei as semifinais. Acabamos eliminados pelo Atlético Nacional.
A gente tinha time pra ser campeão, nunca pensei de outro jeito. Tínhamos tudo para levantar taças com aquele timaço. Pena que durou pouco.
Em 2010, fui convocado pela primeira vez pra seleção. Impossível não lembrar daquele frio na barriga de colocar a amarelinha ali…
Isso foi logo depois da Copa do Mundo. Tinha muita gente pedindo a minha convocação e a do Ney pra Copa, acabou não acontecendo, mas pouco importa. Pra mim é motivo de orgulho, conquista. Colocar a amarelinha é o ápice do jogador. É muito bom, muito.
Mas então, aos 26 anos, eu tinha vivido muita coisa no futebol brasileiro, já tinha sido convocado e pensei que, pô, era o momento de ir pra Europa. A hora era ali.
E aí você chegar num Sevilla é outra vida, outra estrutura. Meu primeiro jogo foi contra o Barcelona, imagina o que passa na cabeça…
Guardo com carinho na memória também uma partida que aconteceu depois, contra o Las Palmas, na temporada 2017/18. Era a inauguração do novo sistema de iluminação do estádio, apagaram os holofotes, começou um show de luzes. Foi muito bonito. Me senti bem acolhido.
Mas as coisas não aconteceram como deveriam. Acabei jogando algumas partidas e até fazendo gols, mas não tive sequência.
Lembra o que eu falei sobre se sentir importante? De como eu me recuperei da lesão de 2010 porque sabia que era importante pro clube? Então, eu me sentia assim no Santos e no São Paulo.
O mais difícil para o jogador é quando ele não se sente importante pro time. Porque tira a tua motivação, você não tá com a cabeça 100% ali no que tem de fazer. O que adianta se você não vai jogar?
Eu me esforçava, mas vai passando o tempo e você acaba deixando de se sentir útil.
Eu falo que assim… Pra mim, a cabeça é 80, 90% de um jogador de futebol. Se você está bem com a tua cabeça, o resto é natural. Porque correr, se preparar fisicamente, todo mundo vai correr, vai se preparar. Mas, se você não estiver com a cabeça boa, motivado e com ritmo de jogo, não vai.
Definitivamente, não vai. Não acontece.
Muita gente fala “o jogo lá é muito veloz, é muito mais rápido”. Mas é você que acelera o jogo. Você dá só dois toques na bola, isso é o ser veloz. E essa sempre foi minha característica.
A grande diferença mesmo do Brasil pra Europa na época era de tática, de posicionamento. Mas isso nunca foi problema. A questão é que não me deram ritmo de jogo.
Nos meus dois anos de Sevilla, tivemos quatro treinadores diferentes. Quem me levou já não estava lá, e a questão da importância foi pegando...
O momento tinha acabado. Eu podia permanecer lá, sem jogar, só para cumprir contrato, mas não quis. Tive esse feeling.
Surgiu a oportunidade do Amiens e eu não pensei duas vezes — a verdade é que, se surgisse uma oportunidade em qualquer lugar do mundo, eu iria.
Só que, se parasse pra pensar racionalmente, eu não teria ido. Fui porque o momento no Sevilla já tinha acabado.
Quer dizer, eu fui bem recebido lá, as pessoas me ajudaram bastante, mas o Amiens é um clube com uma filosofia, uma cultura muito específica. É como se jogadores, dirigentes e torcedores fossem uma grande família. Eles estão acostumados a jogar sempre daquele mesmo jeito.
Era hora de voltar ao Brasil.
Em 2019… Que recepção no Fluminense! Só tenho a agradecer ao torcedor.
Eu estava sem jogar, todo mundo naquela expectativa, e fui me adaptando. Aquele primeiro ano, pô, acho que a gente foi muito bem até, mas os resultados não vinham. Infelizmente.
A gente tava fazendo um futebol bonito ali. Me lembrava um pouco o que eu tinha vivido no Santos. Muita criação, improvisação.
Eu estava feliz em campo novamente. ALEGRIA de jogar bola!
Acredito muito que, se a gente tivesse continuado com o mesmo trabalho, aprimorando alguns pontos, trazendo algumas peças, as coisas iriam acontecer. Mas os resultados não vieram, e o Diniz acabou saindo.
No Brasil é assim. Se você não ganha, esquece.
2020 foi um ano difícil. Difícil pra todo mundo, não tô falando só de futebol. E 2021 continuou na mesma. Ainda tive a infelicidade de sofrer uma fratura no braço. Quatro meses fora.
Como eu falei, tudo vem da motivação, de se sentir importante. Por toda a minha história, toda a vivência, campeão de tanta coisa, eu sei que tenho muito a contribuir.
Eu quero ter mais importância dentro do Fluminense. Posso ajudar muito mais, jogar muito mais jogos, o máximo de tempo possível em campo, para conquistar títulos com o clube.
É o que eu vim buscar aqui.
É o que eu desejo neste ano.
É com esse pensamento que eu saio todo dia de casa para treinar, com essa mentalidade que entro em campo. No que depender de mim, isso tem tudo para acontecer.
Jogar bola é a minha maior alegria. Por isso, sempre gosto de lembrar daquela chegada no Santos, aquela primeira vez, com 15 anos. Aquele foi o momento em que minha vida mudou.
Com toda sinceridade, de tudo que já contei aqui, essa é a cena principal da minha vida. Chegar, pegar a roupa, me preparar para o teste. Ficar olhando a Vila…
O primeiro título no Santos.
Aquele time de moleques que todo mundo gostava de ver.
Do churrasquinho da minha mãe nos jogos lá no Pará à seleção brasileira.
De Paulo Henrique Lima a Paulo Henrique Ganso.
Eu só queria ser jogador profissional. Esse era o meu sonho. O que veio depois é lucro.
Vamos ver o que futebol me proporcionará em 2022. Espero que seja um grande ano!