Infiltrada no Clã
Como uma legítima Gracie, eu ganhei um quimono quando era bebê.
Minha mãe me teve muito nova, aos 17 anos, e não casou com meu pai. Por isso, fomos morar com os irmãos dela, meus tios Ryan, Renzo e Ralph. Tínhamos um tatame no terceiro andar da casa, que foi onde cresci. Levava minhas bonecas e ficava brincando de rolar. Já era um jiu-jitsu muito lúdico. Não havia nenhuma pressão de, por ser uma Gracie, eu precisar seguir no esporte.
Até porque eu sou mulher.
Nascia uma mulher na família e eles diziam:
— Que legal, é uma menina!
Nascia um homem e ele era levantado no braço e comemorado:
— Yeees, é menino! Cara, que máximo! Esse aí vai ser o campeão da família! Mais um para o nosso clã!
Sempre houve em minha família, o tempo todo, um incentivo para os homens treinarem. Para a mulher, não havia essa expectativa. Eles achavam que nos defenderiam, nos protegeriam, que a gente não precisava lutar porque estávamos em uma família de homens campeões.
A verdade é a seguinte: menina era para fazer tapioca e açaí, e os meninos iam para a luta.
Minhas lembranças de infância em relação ao jiu-jitsu são, portanto, da brincadeira, de aprender me divertindo, e de assistir aos meus tios e primos tanto no tatame da minha casa quanto nas competições — os torneios, aliás, eram meus programas de fim de semana.
Houve um momento em que eu mesma, com 8 ou 9 anos, tive preconceito de achar que jiu-jitsu não era para menina. Até que minha mãe resolveu treinar mais sério, praticar, no mínimo, três vezes por semana. Aquilo me encheu os olhos. Pensava: “Uau, isso é muito legal! Então quer dizer que mulher também pode fazer?”. Assim, eu comecei a me dedicar mais e fui treinar com outras crianças.
Mais tarde, minha mãe teve que parar porque houve muito ciúme por parte dos meus tios. É um meio complicado para as mulheres. Meus tios disseram que aquele não era ambiente para minha mãe, uma das únicas ou talvez a única mulher treinando. Ela era um talento, era lindo vê-la praticando. Foi uma pena.
Lembro que não entendi a razão de ela ter parado, mas, como eu era criança e estava na aula infantil, ninguém se incomodou comigo. E eu continuei.
Minha família também cultivava outro hábito peculiar. Os campeões tinham mais voz. Suas opiniões eram levadas em consideração. Eles tinham privilégios, mesmo que fosse sentar nos melhores lugares para assistir à televisão.
Nessa experiência de viver e crescer na família Gracie percebi, ainda criança, que só poderia ter voz ativa sendo uma campeã. E isso me motivou.
Aprendi também que o jiu-jitsu é para a vida — esse é meu lema hoje e o propósito da academia que inaugurei. E, por isso, trago aqui as principais lições que o esporte me deu. Lições que transcendem o tatame e que me fazem tentar ser todo dia uma pessoa melhor.
Lição 1: honrar o jiu-jitsu é honrar quem veio antes de você
Cresci ouvindo histórias sobre meus antepassados que eram sempre maravilhosas. Elas enchiam meu coração.
O objetivo do meu bisavô Carlos sempre foi espalhar o jiu-jitsu pelo mundo. Ele foi um grande visionário dentro da arte marcial. O jiu-jitsu mudou a maneira de ele ver as coisas. Lá por 1910, 1915 ele era um menino super-rebelde, o pai estava apavorado, não sabia o que fazer com aquele moleque que toda hora se metia em confusão.
E então ele conheceu um japonês, Mitsuyo Maeda, o Conde Koma, em Belém do Pará. E começou a prestar atenção na alimentação, nas atitudes dele fora do tatame. Passou a ser mais comprometido, a entender o poder que é saber se defender. Aprendeu a arte marcial dele, o jiu-jitsu.
O jiu-jitsu é uma luta muito eficiente, mas é mais que isso: é uma filosofia, uma ferramenta para uma vida saudável como um todo. Ele conecta corpo, mente e espírito, para deixar tudo em harmonia.
E, a partir de então, meu bisavô se propôs a ensinar quem ele pudesse, porque queria que todo mundo absorvesse os benefícios do jiu-jitsu. Ele disseminou o conhecimento da filosofia primeiro dentro da família Gracie. E ele teve muitos filhos: 21!! Foi para ter certeza de que o jiu-jitsu se espalharia pelo mundo e que seu legado estaria protegido. Hahaha!
Ele ensinava jiu-jitsu com os irmãos na sala de casa. Espalhavam os móveis, botavam o tapete e davam aulas para os amigos mais próximos. Em 1932, abriram a primeira academia, num espaço pequenininho. E ali ficaram 20 anos até abrirem um espaço maior.
Desde essa época, começaram a fazem os desafios entre as modalidades de arte marcial para mostrar a importância do jiu-jitsu. As lutas eram no Maracanãzinho. O cara da capoeira, mais forte do mundo, lutava com o meu tio Hélio, magrinho, franzino — e os Gracie ganhavam tudo.
Por isso o jiu-jitsu virou um sucesso aqui na década de 1950. Todas as personalidades da época treinavam na academia na Rio Branco: o presidente, o Oscar Niemeyer, todas as pessoas influentes.
Mais tarde, o esporte foi para os Estados Unidos e, lá, as pessoas ficaram maravilhadas com o Royce ganhando UFC em 1993. Como aquele menino normal derrubava gigantes? Ele mudou a visão das pessoas provando a eficiência do jiu-jitsu.
Meu bisavô conseguiu seu principal objetivo, espalhar o jiu-jitsu pelo mundo através dos filhos, através dos alunos dos filhos, dos alunos dos alunos dos filhos... Hoje isso se multiplicou, e está no planeta todo.
Essa história me inspira todos os dias a seguir os meus objetivos dentro do jiu-jitsu.
Lição 2: não é preciso vencer sempre, mas sim fazer o melhor
“Kyra Gracie, tatame número 2.”
Assim que me chamaram em minha primeira competição, quando eu tinha 11 anos, ouvi um burburinho no ginásio. O sobrenome despertou atenção em todo mundo, um monte de gente foi para minha área de luta. Queriam saber quem era aquela menina Gracie.
Entendi naquele momento o que era ser uma Gracie e resolvi seguir no caminho do jiu-jitsu. Eu percebi que, se era aquilo mesmo que queria, eu teria que fazer tudo com muita responsabilidade. Não podia apenas chegar lá, de uma maneira amadora, e, por hobby, lutar para ver como seria.
Não. Eu tinha que dar o meu melhor. Isso não quer dizer que eu não poderia perder, mas que, se perdesse, teria que ser porque a minha adversária foi melhor, não porque não me preparei adequadamente para aquele momento. Quando resolvi ser de fato uma Gracie, já sabia que teria que buscar minha excelência o tempo inteiro.
Depois da primeira luta, eu me vi apaixonada. Gostei da sensação da competição, da vitória. Vencer é a coisa mais perto de flutuar que existe. Parece que nada é capaz de nos abalar. Queria sentir mais vezes aquela adrenalina, ouvir as pessoas no ginásio lotado gritando meu nome ou até torcendo contra.
A busca pela excelência está em mim até hoje, pra tudo. Certa vez, me chamaram para fazer um teste numa emissora de televisão para apresentar um programa novo de luta. Como estava acostumada a dar entrevista, topei.
Cheguei lá e me vi em um estúdio gigante, com várias câmeras. Não sabia para onde olhar e ainda tinha que ler o texto que passava em uma delas. Foi horrível, pânico! Comecei a gaguejar, não sabia o que fazer com minha mão, mexia muito, tentava segurar. E, quando eu lia o texto, parecia um robô.
“O-lá. Vo-cê vai as-sis-tir ho-je a u-ma lu-ta de M-M-A…”
Foi o ó, um misto de adrenalina com vergonha. No fim, o diretor me disse que eu tinha que aperfeiçoar algumas coisas. Não quis dizer que foi horrível, mas eu sabia que tinha sido.
Entendi naquele momento o que era ser uma Gracie.
Então, eu falei para ele que, se não tinha oportunidade para mim na emissora, que ele me desse ao menos a chance de ficar frequentando o estúdio para ver como as pessoas faziam. Ele topou. E eu comecei a ir todo dia para ver as apresentadoras, conversar com elas, entender como elas faziam seu trabalho.
Ao mesmo tempo, fiz cursos de apresentação em TV, de fono, porque falava e minha boca puxava para o lado kkkkk... Aprendi sobre câmera, edição, luz, tudo.
Eu precisava ser uma faixa-preta também naquilo, como em qualquer coisa importante para mim.
Lição 3: o caminho é árduo, mas acreditar na vitória motiva
Aos 15 anos, eu tive o clique de sonhar em ser uma faixa-preta no esporte e ser professora de jiu-jitsu. Só que esse sonho era bem utópico. Estou falando da década de 1990, quando o Brasil passou a ter um preconceito muito grande em relação ao esporte. Tinha muita briga na rua e os jornais só falavam mal do jiu-jitsu.
Nesse cenário hostil, eu era a única menina da academia. E, mesmo num ambiente totalmente masculino e excludente para as mulheres, gostava tanto de jiu-jitsu que persisti — muitas vezes fazendo ouvido de mercador, deixando passar certas coisas que achava que não eram certas, mas que fingia não ouvir por gostar tanto de estar ali.
Participei da minha primeira competição internacional no juvenil, aos 16 anos. Enfrentei meninas muito maiores, mais fortes, adultas… E fui campeã nesse evento. Foi quando eu botei fé de que estava no caminho certo.
Mesmo assim, meus tios achavam que eu não deveria seguir com aquilo, que ninguém ia querer fazer aula com uma mulher. Eu me sentia como uma espécie de intrusa, uma infiltrada dentro da minha própria família. Buscando um espaço que foi negado à minha mãe, onde eu era vista como “rebelde”, e não como uma lutadora de verdade.
Vários fatores me fizeram resistir, mas um dos principais foi mostrar que eles estavam errados. E que mulher podia, sim, seguir carreira no jiu-jitsu.
Isso, aliás, me motivou diversas outras vezes em que pensei em desistir da luta. Quando já tinha vários títulos e tive muita dificuldade em conseguir patrocinadores, por exemplo. Para viver, a gente tinha que dar aula ou seminário. E então eu ia dar seminário e apareciam duas pessoas — porque eu era mulher. Aí ia dar uma aula e tinha que cobrar muito mais barato — porque eu era mulher.
Ao mesmo tempo que aquilo me desanimava, estranhamente me dava uma motivação extra. Eu queria provar que realmente poderia chegar a algum lugar — e mostrar para todo mundo que havia chegado lá sendo uma mulher.
O jiu-jitsu feminino precisava de uma mulher Gracie para poder mostrar o seu valor.
Continuei treinando, competindo, e me tornei faixa-preta, a primeira mulher da minha família a conseguir isso. Depois que meus familiares perceberam que eu tinha talento e que eu queria muito, foram meus maiores incentivadores. Todos acabaram me apoiando.
Ajudei a quebrar paradigmas. O jiu-jitsu feminino, principalmente, precisava de uma mulher Gracie para poder mostrar o seu valor.
As coisas ainda não são perfeitas, mas as mulheres estão conquistando cada vez mais seu espaço. Imagina que até a década de 1970 elas não podiam nem praticar artes marciais? Era proibido.
Essa história foi acabando na sociedade como um todo — e na nossa família também. Depois de mim, outras Gracie chegaram à faixa-preta. E outras mulheres estão dando aula de jiu-jitsu, têm suas próprias academias.
Espero que cada vez mais mulheres, não só da família Gracie, mas de forma geral saibam que é possível, sim, seguir nesse caminho. Enfim, é possível seguir o caminho que elas quiserem.
Lição 4: o melhor respeito não é o que vem pela dor
Hoje tenho a minha própria academia no Rio de Janeiro, mas é engraçado pensar que foi bem difícil conseguir isso, mesmo depois de tantos títulos. Para o projeto que desenvolvi, da Gracie Kore, estudei outras academias pra ver o que faltava nelas. Estudei também metodologias de treinos e infantil, para entender como poderia ensinar o jiu-jitsu de acordo com cada faixa etária. E fui mostrar meu projeto para possíveis investidores.
Ouvi coisas como:
— Pô, legal, Kyra, mas você precisa de um sócio homem. Você tem título e tudo, mas no jiu-jitsu tem uma questão, que as pessoas querem respeitar o professor.
— Respeitar quer dizer o quê?, perguntava.
— Quer dizer que o professor tem que amassar todo mundo, tem que vencer. O cara só respeita se tomar um amasso do professor. Então, com professora mulher, não rola.
Hein? Eu tenho que bater nos meus alunos, mostrar que na luta sou superior fisicamente para poder ter respeito? Apesar de parecer absurdo, não consegui nenhum sócio-investidor. Ninguém queria apostar na minha academia.
Mais tarde, depois de conversar com muita gente do ramo de negócios, meu marido, Malvino Salvador, me disse que investiria comigo, que seria meu sócio, porque acreditava muito no projeto.
Hoje, a Gracie Kore é um case de sucesso no Brasil. Em três anos de academia, temos mais de 550 alunos. E isso com uma pandemia no meio, que nos deixou fechados por cinco meses sem aula nenhuma.
Existe um propósito por trás do que eu quero ensinar com o jiu-jitsu. Quero desmistificar a ideia de que as pessoas só vão me respeitar pela dor, não pelo amor. Lá é o respeito pelo respeito. É o respeito pelo que meus alunos podem receber lá dentro.
Ouço coisas como “ah, mas aquela academia é academia de mulher”, como se fosse algo pejorativo. Só que as pessoas que estão lá comigo são exatamente as pessoas que eu quero: livres de preconceito, que buscam a filosofia do jiu-jitsu e querem se aperfeiçoar.
E quem acha que uma academia, por ser de mulher, não é boa, eu não quero nem lá perto.
Lição 5: o esporte não é benevolente, mas ensina a hora de parar
Em determinado momento, a Kyra que ganhou títulos mundiais, que, de repente, virou uma estrela do esporte, que era capa de todas as revistas e que ia para os programas importantes falar sobre jiu-jitsu se viu com o ego inflado. E isso me deixou afastada das coisas mais importantes da minha vida: a família, o treino, a dedicação.
Quando vi, estava desligando o despertador para dormir um pouco mais, faltando em treino, indo em festa com minhas amigas. Comecei a querer viver aquele momento. Só que o esporte não é benevolente, né?
Me lembro muito bem de um Mundial, em 2005. Eu tinha ganhado no ano anterior, cheguei no campeonato e tinha outdoor com o meu nome. Fui lutar no tatame principal — coisa que não acontecia com as mulheres.
E perdi a final.
Foi uma luta bem parelha, mas aquilo acabou comigo. Primeiro tive raiva, porque achei que o juiz não me deu os pontos que tinha que dar. Aquela raiva me consumiu. Tirei o quimono, joguei no chão e fui discutir com o juiz.
Depois de um tempo fui entendendo como controlar a raiva. Ela não podia me dominar. Qual era o exemplo que eu queria dar para o esporte? Aquela ali não podia ser a Kyra que as pessoas iam guardar na memória. Fiz um trabalho de autoconhecimento para aprender a lidar com as frustrações e não deixar o ego subir à cabeça.
Isso foi muito bom, porque compreendi ainda jovem que o ego era o meu pior inimigo. Em outras fases da minha vida, consegui perceber ele chegando de novo. Então, o trabalho é segurar. Não me achar superior, não subestimar ninguém.
A luta me ensinou também que as coisas têm começo, meio e fim. Tudo é um ciclo. Muitas vezes é complicado perceber ou aceitar o momento certo de parar. Mas os sinais estão lá.
A sensação da competição é maravilhosa. Você fica meio que viciado naquilo. Não tem nada no mundo que compre aquele sentimento. Abandonar isso é muito difícil.
Mas eu vinha competindo havia muitos anos, viajava o mundo inteiro, não tinha mais casa. Aquilo já estava me incomodando, queria me fixar mais, ter estabilidade, estar mais com a minha família… Treinamento de luta é sofrido. Tenho cinco hérnias de disco, já me quebrei inteira. Meu corpo não estava mais aguentando.
Nessa dúvida de parar ou não, apareceram duas oportunidades — os sinais. Uma delas foi uma oferta para lutar MMA. A outra, um convite para a televisão.
Fiquei muito tentada a migrar para o MMA. Comecei a treinar a parte em pé, fui me aperfeiçoar. Até que percebi que estava fazendo aquilo não pelo desafio e pela motivação, mas pela bolsa.
E eu não podia fazer isso, porque não leva a lugar algum. Você tem que buscar um propósito.
Nessa mesma época, já tinha se passado um ano do meu teste na TV, e o UFC voltou ao Brasil para um evento no Rio. O negócio estava bombando, só se falava disso. Eu estava indo para a arena quando aquele diretor me ligou e perguntou se eu não queria ir para o estúdio comentar a luta.
Cheguei lá e o apresentador escalado estava todo perdido. Ele, que narrava surfe, me disse:
“Não entendo nada de luta. Vou jogar todo o programa no seu colo. Você mata no peito e vai.”
E, cara, eu mandei muito bem. Eu já sabia me posicionar, falar com uma câmera, falar com a outra, ler o texto. O diretor geral da televisão me ligou no dia seguinte, me chamou para conversar e me contratou.
Deixei assim o MMA de lado e segui para consolidar a minha carreira como apresentadora. Trabalhei sete anos na TV, foi maravilhoso. Até que veio aquela sensação de novo: será que é isso mesmo?
Apesar de comentar luta o tempo todo, eu estava afastada do que realmente me fazia feliz: dar aula.
Eu tenho tanta experiência, não só das minhas competições, mas de tudo o que aprendi com minha família. Meu menino não tinha nascido ainda, mas já tinha duas filhas e pensei: Como vão crescer sem que eu ensine jiu-jitsu para elas? Fui então em busca do meu verdadeiro propósito. E abri a academia.
A luta foi a minha escola da vida. As lições no tatame, enfrentando minhas adversárias, ganhando, perdendo, respeitando, dando a volta por cima, tendo raiva e indo ao fundo do poço ou ficando alegre demais e deixando o ego subir… Tudo isso foi importante para o que vivo hoje. Para a minha vida como um todo.
Me tornar a primeira mulher faixa-preta do clã Gracie não foi fácil, mas é algo que me orgulha por saber que ajudei a abrir portas. Hoje não me sinto mais uma infiltrada. Pelo contrário, sou parte da história e do legado da família na arte marcial.
Por isso, quero criar faixas-pretas dentro e fora do tatame, esse é meu objetivo principal. Quero, como meu bisavô, o jiu-jitsu para todo mundo.